História da fundação dos
bairros do Bixiga e do Bexiga
Egydio Coelho da Silva
Geografia humana – população existente em São Paulo, antes da fundação do
Bairro do Bixiga
Século 19 – 1.800
O via- jante Zaluar descreve-nos São Paulo em 1860:
“Apesar dos seus 46.000 habitantes; de ser assento de assembléia
provincial e residência do presidente da província; de ter em seu seio o
bispo diocesano e em seus braços a Faculdade de Direito; de contar no
número dos seus mais importantes estabelecimentos um magnífico jardim
botânico, uma biblioteca notável e um seminário, o hospital de
misericórdia, a casa da câmara e cadeia, o palácio do governo, o hospital
militar e o dos Lãzaros, a Sé, (...), a igreja de Santa Ifigênia, o
Convento do Carmo, o mosteiro de São Bento, onde se homiziou Amador Bueno,
o convento de São Francisco, onde está a Academia, o convento das freiras
da Luz, os seus dois teatros, um a cair de velho e o outro a parodiar a
eternidade das obras da Santa Engrácia; e finalmente, de suas indústrias,
de seu comércio, de seus capitais em circulação, de seus hotéis apinhados
de viajantes; a cidade de São Paulo é monótona e, nos seus dias de festa,
em vez do riso jovial e franco, é taciturna e reservada como uma beata
(...).
Sem perder nada do típo característico e particular por que geralmente é
conhecida em toda a parte do mundo essa tribo de boêmios do estudo a que
se chama estudantes, os da Faculdade de Direito de São Paulo têm suas
feições, que lhe são próprias e especiais.
A maior parte deles habitam,
divididos em grupos mais ou menos numerosos, constituindo um certo núcleo
de famílias, em casas ou aposentos a que dão o nome de repúblicas. Estas
repúblicas são formadas ordinariamente pelos filhos de uma mesma província
(...).
Os habitantes da cidade e os cursistas da Academia são dois corpos, que
não combinam, senão produzindo um precipitado monstruoso (...).
No
entanto, apesar de toda esta diversidade de pensamentos, de hábitos e
costumes, que caracteriza os dois ramos da população da capital, esta é
uma das condições infalíveis de sua prosperidade.
Tirem a Academia, de São
Paulo, e esse grande centro morrerá inanido. Sem lavoura e sem indústrias
montadas em grande escala, a capital da província, deixando de ser o que
é, deixará de existir." (rb-pop: 1)
Após a inauguração da ferrovia para Santos em 1.867, a Paulicéia passou a
ter um desenvolvimento excepcional,
tornando-se entroncamento ferroviário e comercial, começou a atrair os
fazendeiros do interior, que em São Paulo instalaram residência.
A
crescente imigração, especialmente de italianos, tornou a cidade
praticamente bilíngüe. Indústrias e bairros novos surgiram por todos os
lados.
A cidade que, segundo o recenseamento de 1872, tinha pouco mais de 31.000
habitantes, alcançava 65.000 em 1.890 e cerca de 200.000 em 1900. (rb-pop:2)
Um crescimento espantoso de quase 700% em apenas 28 anos.
O recenseamento de 1873 dava a São Paulo uma população de uns 23.000
habitantes, que hoje deve atingir quase o algarismo de 70.000, de modo que
terá triplicado em menos de vinte anos.
Obra de referência |
Recenseamento |
Ano |
População |
Câmara Municipal de São Paulo: 1560-1998:
Quatro séculos de história/ Délio Freire dos Santos, José Eduardo
Ramos Rodrigues. São Paulo: Imprensa Oficial, 1.998, página 69 |
Estimativa |
1.827 |
46.000 |
Idem, obra citada, página 70 |
1.872 |
1.872 |
31.000 |
Idem, obra citada, página 71 |
1.873 |
1.873 |
23.000 |
Idem, obra citada, página 70 |
? |
1.890 |
65.000 |
Idem, obra citada, página 71 |
Estimativa |
1.890 |
70.000 |
Idem, obra citada, página 70 |
? |
1.900 |
200.000 |
.
Página
inicial da história do Bixiga e de São Paulo antigo
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Referências
bibliográficas –
(1)
Marzola,
Nádia –
História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São
Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979: página 34.
(2)
Idem, páginas: 34 e 35
(3)
Nogueira,
Emil, artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo.
Nota
do autor: Tenho o recorte do jornal, mas infelizmente não marquei a data
da publicação.
(4)
Marzola,
Nádia –
História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São
Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979: página 39
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