História da fundação dos bairros do Bixiga e do Bexiga
Datas de fundação de outros bairros de S. Paulo e de cidades brasileiras
Freguesia do Ó
Segundo o jornal o Estado de S. Paulo de 30 de agosto de 2.002, a
Freguesia do Ó estaria completando, em 2.002, 422 anos de sua
fundação, levando-se em consideração que o bandeirante Manoel
Preto se estabeleceu na região em 1.580. Se seguirmos a interpretação mais comum entre os historiadores de
que o que caracteriza o surgimento de uma comunidade é quando
seus integrantes decidem construir algum bem de uso comum de
todos, não se pode aceitar essa data, 1.580, como a data de fundação
da Freguesia do Ó. Não me parece que essa deva ser a interpretação histórica para
caracterizar o nascimento de uma comunidade, que seria um bairro
ou uma cidade: moradores com cultura comum, portanto, com
objetivos próprios. Nem mesmo caracteriza a sua fundação, quando em 1.610, Manoel Preto
e sua esposa, Agueda Rodrigues, erigiram uma pequena capela
dedicada à Nossa Senhora da Esperança ou Expectação, mais
tarde chamada de Nossa Senhora do Ó, pois, é de se supor que
essa capela era utilizada apenas pela família e não por uma
comunidade, que, com certeza, ainda não existia. Entendo que essas datas são apenas acontecimentos históricos
importantes de descoberta e início de ocupação possessória da
região legal ou ilegal e não caracterizam o nascimento de uma
comunidade. Mesmo porque, em 1.640, a imensa propriedade de Manoel Preto ainda
estava seccionada em diversas fazendas, sítios e chácaras,
distribuídas entre herdeiros e seus descendentes. Parece-me que a data mais correta para caracterizar o nascimento do bairro ou da Vila da
Freguesia do Ó seria quando, em 1.774, se inicia a construção de uma
igreja no local, hoje chamado de Largo da Matriz Velha, adquirindo importância
junto à comunidade, que, nesta data, ali já existia. (RBDP)
Santa Cecília N O
bairro de Santa Cecília, por exemplo, sem maiores pesquisas, deve-se se
entender que a data de sua fundação seria sete
de março de 1.861. Em
27 de setembro de 1.860, em sessão da Câmara Municipal de São Paulo,
foi lido um abaixo-assinado de moradores da Freguesia de Santa Ifigênia. Nesse
abaixo-assinado, os moradores externavam o desejo de construir um templo
dedicado à Santa Cecília. Em
sete de março de 1.861, a Câmara
concedeu o terreno solicitado, onde hoje se encontra a Igreja de Santa Cecília,
no Largo do mesmo nome. (2) Evidentemente, se amanhã ou depois, se
descobrir que, anteriormente a esta data, existiu um outro bem de uso
comum, como escola, capela, hospital, clube de futebol, etc. a data mais
antiga deverá prevalecer. Caminhos,
que geraram nascimento de bairros Quem
saísse, por exemplo, do centro da cidade, pela ponte do Tapanhoim
ou do Lavapés, encontraria o caminho do
Ipiranga, onde havia uma população de 42 habitantes, distribuída por 8
fogos. Para
além da ponte do Lorena (ou do Piques), desdobravam-se os bairros do Piques, de Pinheiros, de
Embuaçava e de Pirajuçara, com um total de 150 fogos e 763 habitantes. E transpondo-se a ponte do Franca, sobre o Tamanduateí, chegava-se na planície, aos bairros do Brás, do Parí e do Tatuapé, cuja população totalizava 186 habitantes, distribuída por 36 fogos. (rb-pontes: 1).
FÓRUM
ASSISENSE EM 08 DE JULHO DE 2.005 “Certamente o Capitão jamais poderia imaginar em que poderia se transformar aquele pequeno ajuntamento inicial de casebres de forasteiros e sertanejos corajosos.
E de quantos descendentes daqueles
pioneiros e simples moradores, somados aos que vieram se chegando
depois, foram precisos para se fazer a Assis de hoje”, texto inicial
de mensagem enviada por Mauro Alves dos Santos ao Fórum assisense.
O texto acima, comparado ao
que afirma Monsenhor Floriano de Oliveira Garcez, em entrevista ao
Jornal da Segunda, editado pelo Português, leva-nos a questionar
quando uma cidade é fundada. Na opinião respeitável do
Monsenhor, deveria prevalecer a data da emancipação. Poderíamos dizer que o Brasil,
a comunidade brasileira, começou a ser
fundado, quando de sua descoberta em 22 de abril de 1.500 e aqui se
rezou a primeira missa, com a participação dos portugueses e assistida
por índios curiosos. Na
pesquisa, devemos nos ocupar da existência da comunidade, de seus
moradores, que têm muitas aspirações em comum. A cidade nasce quando há uma prova
de quando a comunidade começa a existir num determinado local. Não seria primeiro de julho
de 1.905, quando já
existia uma comunidade e à qual, de certa forma, Capitão Assis doou
um terreno para nele se construir bem de uso da comunidade: uma igreja
católica, o que comprova que, na data, já existia uma comunidade ou
“ajuntamento de casebres”, como imagina Mauro Alves dos Santos. Acho
que os meios de comunicação de Assis e as autoridades devem ficar
atentas e não deixar passar desapercebida sem nenhuma comemoração a
data de emancipação de Assis, lembrada por Monsenhor Floriano, que
este ano completará 88 anos. Nada é mais importante do que o nascimento da própria comunidade, que é a "geografia humana" da cidade. Recordo-me de conversar com o
diretor do jornal “Correio de Marília” há mais de 15 anos atrás
e ele dizia ironicamente que seu jornal nascera antes da cidade de Marília existir,
pois, seu jornal já tinha mais de cinco anos de circulação, quando Marília
foi emancipada. Como Monte Verde não é emancipada, é ainda distrito de Camanducaia, não teria sido fundada, sequer existiria? Não parece historicamente
correta a interpretação de que uma cidade se considere fundada
somente quando se emancipa, muito embora a emancipação seja também
uma data importante. Nem é justo tirar a glória do verdadeiro
fundador de uma cidade e passa-la para um deputado que apenas
apresentou um projeto de Lei estadual, emancipando um distrito,
atendendo a pedido de algum lobista local. Além disso, hoje, a partir de
1.996, praticamente ficou impossível emancipação de distritos (veja
em: http://www.monteverdemg.com.br/vm-emancipacao-01.htm
)Há
agora a exigência de que o plebiscito se faça com a “participação
das populações envolvidas” (Emenda
Constitucional n.º 15 de 26-09-1.996, que alterou o parágrafo E
a mesma regra prevista nessa emenda constitucional se aplica à
incorporação e fusão de municípios. Portanto, se a população de
um município maior decidir, pode tentar, legalmente, incorporar o
município menor. O tema está aberto à discussão. Abçs. a todos. Egydio Coelho da Silva
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Referências
bibliográficas – desta página
(1)
Jornal “O Estado de São Paulo” – 30-08-2.002, páginas ZN -
8 e 9;
(2)
Câmara
Municipal de São Paulo: 1560-1998: Quatro séculos de história/ Délio
Freire dos Santos, José Eduardo Ramos Rodrigues. São Paulo: Imprensa
Oficial, 1.998, página 70,
Referências
bibliográficas - todas
1)
Dicionário
de História de São Paulo – Antônio Barreto do Amaral – Coleção
Paulista; V.19 – 1.980 – Governo do Estado de São Paulo.
2)
Câmara
Municipal de São Paulo: 1560-1998: Quatro séculos de história/ Délio
Freire dos Santos, José Eduardo Ramos Rodrigues. São Paulo: Imprensa
Oficial, 1.998, página 70, páginas
67/68, obra citada de Mawe, John.
3)
Idem,
páginas 67,
68,69/70, obra citada de Zaluar, Augusto Emílio.
4)
Idem,
página 72, citação a Henrique Raffard, artigo publicado no Diário do
Comércio do Rio de Janeiro.
5)
Idem,
páginas 70/71 6)
Marzola,
Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São
Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 15 7)
Idem,
página 16. 8)
Gilberto
Kujawski (artigo no jornal O Estado de S. Paulo 30-05-2.002) 9)
SAIA,
Luís - "Fontes primárias para o estudo das habitações das vias de
comunicação e dos aglomerados humanos em São Paulo no século
XVI", lnst. De Adrninst. da Faculdade de Ciências Econômicas e
Administrativas da USP, pág. 3 e 4.
10)
TAUNAY,
Afonso de E. - Non Ducor, Duco, pág. 211 11)
BRUNO,
Ernani Silva - Histórias e Tradições de São Paulo, vol. 1, pág. 205 12)
NOGUEIRA,
Almeida - Academia de São Paulo, Viii, pág. 128 13)
FREITAS,
Afonso A. de - "São Paulo no dia 7 de setembro de 1822", Rev.
do lnstit. Hist. e Geog. de São Paulo, XXII, pág. 3 14)
BRUNO,
Ernani Silva - op. cit., vol, 1, pág. 96 15)
PRADO,
Paulo - Paulística, págs. 8 e 9 16)
BRUNO,
Ernani Silva - op. cit., vol, 1, pág. 96 17)
BRUNO,
Ernani Silva - op. cit., vol. 1, pág. 91 18)
SAINT-HILAIRE,
Auguste de -Viagem à Província de São Paulo, pág. 89 19)
BRUNO,
Ernani Silva - op. cit., vol. 1, págs. 93 e 94 20)
BRUNO,
Ernani Silva - op. cit., vol. 1, pág. 45 21)
MORSE,
Richard N. - São Paulo - Raízes Oitocentistas da Metrópoi - pág. 474
22)
PRADO
Jr., Caio - op. cit., pág.
229
23)
PRADOJr.,Caio-
Forrnação do Brasil Contemporâneo pág-61
24)
Marzola,
Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São
Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 34 |