História da fundação dos
bairros do Bixiga e do Bexiga

Egydio Coelho da Silva

Matadouro e currais

 

Para o historiador Antonio Egidio Martins o matadouro "era na Rua de Santo Amaro, nas imediações da Capela de Santa Cruz e Rua Jacareí..." (1) (2)

Em 1773, foi feito de taipa de pilão "com toda a segurança", o curral do Conselho. Fê-lo Lourenço Ignácio Vieira Antunes, pelo preço de pataca cada taipa de 25 palmos de comprido, dois e meio de largo e quatro de alto.

As taipas cobrir-se-iam de capim. E seria um rancho novo para os criadores botarem suas rezes".

As rezes eram "registradas no livro do curral do Conselho (Matadouro)", sendo que cada registro importava em um vintém. (1) (3)

Segundo Nuto Santana (1) (4), em 1713-1774, o matadouro já era na ladeira de Santo Amaro, enquanto que o açougue ficava na rua Padre Tomé Pinto, atual Quintino Bocaiúva.

Ainda em 1830, toda a carne consumida na cidade de São Paulo, vinha do matadouro existente na ladeira de Santo Amaro, devendo-se observar que nesse local não havia qualquer preocupação com a higiene, sendo as rezes abatidas e sangradas sobre um chão de terra revolvida.

Nesse mesmo ano, a Câmara observou em uma de suas reuniões, que era contrária ao bem público a conservação do matadouro e do curral no lugar em que eles se achavam, pois situados em uma posição vizinha e sobranceira ao centro da cidade, a direção dos ventos dominantes ainda contribuía para acarretar sobre a povoação todas as exalações pútridas que dali se elevavam em grande quantidade, do sangue e dos demais restos das rezes que se matavam  (5) (6).

Além disso, o Anhangabaú atravessando esse matadouro público, recebia o sangue dos bois abatidos. E os moradores do Piques, do Acu e da zona da ponte da Constituição, por onde ele passava, assistiam a partir das duas horas da tarde ao deslizar da vermelha torrente fedorenta. (5) (7)

Em 1852 iniciou-se a construção de um novo matadouro, entre as Ruas Humaitá e Pitanguí. O Dr. José Tomás Nabuco de Araújo, quando. a 1.° de maio de 1852, abriu os trabalhos da Assembléia Provincial, assim se expressou no seu discurso a propósito desse fato: "O novo matadouro acha-se em execução, conforme o plano do engenheiro C. A. Bresser, arrematado pelo francês Aquiles Martin d'Estadens, que algumas outras obras tem feito com perícia e perfeição de arte; esse edifício já chegou a ponto de receber o telhado, e em breve, talvez dentro de dois meses, será concluído."

O matadouro não demorou por ali senão um quarto de século, até 1877, pois continuava poluindo o córrego do Anhangabaú, o que fez com que a Câmara Municipal resolvesse acabar com esse matadouro e construir um novo na Vila Mariana.

Em 5 de janeiro de 1879, foi solenemente inaugurado o novo matadouro, na Vila Mariana, projeto do Eng. Alberto Kuhlmann.

 

Página inicial da história do Bixiga
 

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Referências bibliográficas –

 

(1)

Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- pág. 51.

 

(2)  MARTINS, Antônio Egídio – São Paulo antigo(1554-1910)  pág. 107

 

(3)  ATAS da CâmaraMunicipal deSão Paulo, XVI, pág.276

 

(4)  SANTANA, Nuto - São Paulo Histórico, vol. I, págs. 153 e seguintes.

(5)

Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- pág. 52.

 

(6)  ATAS da CâmaraMunicipal deSão Paulo, XVI, pág.201

 

(7) FREITAS, Afonso A. de - "São Paulo no dia 7 de setembro de 1822", Rev. do lnstit. Hist. e Geog. de São Paulo, XXII, pág. 3

 

Referências bibliográficas - todas

 

1)            Dicionário de História de São Paulo – Antônio Barreto do Amaral – Coleção Paulista; V.19 – 1.980 – Governo do Estado de São Paulo.

2)            Câmara Municipal de São Paulo: 1560-1998: Quatro séculos de história/ Délio Freire dos Santos, José Eduardo Ramos Rodrigues. São Paulo: Imprensa Oficial, 1.998, página 70, páginas 67/68, obra citada de Mawe, John.

3)            Idem, páginas 67, 68,69/70, obra citada de Zaluar, Augusto Emílio.

4)            Idem, página 72, citação a Henrique Raffard, artigo publicado no Diário do Comércio do Rio de Janeiro.

5)            Idem, páginas 70/71

6)            Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15-" Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 15

7)            Idem, página 16.

8)            Gilberto Kujawski (artigo no jornal O Estado de S. Paulo 30-05-2.002)

9)            SAIA, Luís - "Fontes primárias para o estudo das habitações das vias de comunicação e dos aglomerados humanos em São Paulo no século XVI", lnst. De Adrninst. da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP, pág. 3 e 4.

10)        TAUNAY, Afonso de E. - Non Ducor, Duco, pág. 211

11)        BRUNO, Ernani Silva - Histórias e Tradições de São Paulo, vol. 1, pág. 205

12)        NOGUEIRA, Almeida - Academia de São Paulo, Viii, pág. 128

13)        FREITAS, Afonso A. de - "São Paulo no dia 7 de setembro de 1822", Rev. do lnstit. Hist. e Geog. de São Paulo, XXII, pág. 3

14)        BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol, 1, pág. 96

15)        PRADO, Paulo - Paulística, págs. 8 e 9

16)        BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol, 1, pág. 96

17)        BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol. 1, pág. 91

18)        SAINT-HILAIRE, Auguste de -Viagem à Província de São Paulo, pág. 89

19)        BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol. 1, págs. 93 e 94

20)        BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol. 1, pág. 45

21)        MORSE, Richard N. - São Paulo - Raízes Oitocentistas da Metrópoi - pág. 474

22)        PRADO Jr., Caio -  op. cit., pág. 229

23)        PRADOJr.,Caio- Forrnação do Brasil Contemporâneo pág-61

24)        Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 34