Família Coelho da Silva, 

oriunda da Ilha da Madeira

 

Meu avô paterno

Meu avó paterno, chamava-se João Coelho da Silva, nome igual ao de meu pai, e minha avó, Ana Rosa Gonçalves Coelho da Silva.
Devem ter nascido na década de 1.870. Não sei exatamente a data, em que meus avós chegaram ao Brasil. Acredito que tenha sido por volta de 1.890.

Sei apenas que a história de amor deles se iniciou no navio, onde se conheceram e o namoro e noivado duraram pouco, casando-se em seguida.
Sei que meu avó tinha mais três irmãos, todos homens, oriundos da Ilha da Madeira. Geograficamente africanos, mas culturalmente portugueses.

Na Ilha da Madeira, não teria ficado nenhum outro irmão apenas seus pais. Ao que me consta eram quatro irmãos, que vieram para o Brasil: João Coelho da Silva, Manoel Coelho da Silva, Aires Coelho da Silva e Augusto Coelho da Silva.

Um deles, Manoel Coelho da Silva, ao que parece mais “vivo”, não gostou do Brasil e resolveu emigrar para a Argentina. Mais tarde, também não gostou da Argentina e decidiu emigrar para os Estados Unidos. Como se vê, realmente era o mais “esperto” dos irmãos. Eu nunca tive contacto com esse tio-avô, nem com seus descendentes. Soube apenas há uns 15 anos atrás, que lá, nos Estados Unidos, ele trabalhava no ramo de plásticos.

Um outro irmão, também meu tio-avô paterno, Aires Coelho da Silva, tinha um descendente, acho que era seu neto, Durval Coelho da Silva, que morava em Santo André. É o quarto dos irmãos, chamava-se Augusto Coelho da Silva e tinha descendentes, morando no bairro da Lapa em S. Paulo.

Meu avó tinha o mesmo nome de meu pai, João Coelho da Silva, (o certo seria meu pai ter sido batizado com o nome de João Coelho da Silva Filho e meu irmão mais velho com o nome de João Coelho da Silva Neto) 

Primeiramente, foi morar em Jundiaí, juntamente com a minha avó, Ana Rosa Gonçalves (Coelho da Silva), ainda solteiros.

Sei que, mais tarde, casados, resolveram mudar-se para Botucatu, ainda no final do século.

O motivo da mudança seria porque meu avó sofria de reumatismo e Jundiaí era, na opinião deles na época, muito frio.

]Acho que a escolha não foi muito feliz, porque Botucatu, (na linguagem indígena significa “bons ares”) sempre foi uma cidade fria e, naquela época, com certeza mais ainda, pois está localizada a uma altitude aproximada de 800 metros.

Meu avó paterno, inicialmente foi colono, isto é, empregado na lavoura, na Fazenda Velha em Botucatu. Ali aprendeu a lidar com café e, mais tarde, veio para a cidade e foi trabalhar na Estrada de Ferro Sorocabana, também como meu avó materno, de operário braçal em serviço de conservação e implantação de trilhos. O serviço era pesado e duro, tanto que o apelido desses operários, era “tatu de linha”, porque viviam a fazer buraco para implantar dormentes. Era, provavelmente, o serviço mais ruím, o pior remunerado e de menor prestígio na hierarquia da Estrada de Ferro Sorocabana. Para ele e seus familiares, porém, não era assim. Sua admissão na Sorocabana representava mais "status", pois, era um emprego bem melhor do que ser colono de fazenda de café.

Lembro-me de comentários de meu pai, de que meu avó era muito trabalhador e honesto. Meu pai se orgulhava dele por isso e a mesma norma, meu pai fazia questão de seguir e procurava transmitir aos filhos.

Contava, por exemplo, que, na Fazenda Velha, ele desenvolvia tanto o seu serviço, que irritava seus colegas, que tinham que acompanhá-lo, para que o capataz não fizesse comparação e lhes chamasse a atenção.

No entanto, quando trabalhou na Ferrovia, o seu chefe de serviço parece que “implicava” com ele, porque se queixava de dores reumáticas.

Não convencia seu chefe de que era doença e não má-vontade na execução do serviço.

Ele, como acontecia com quase todos os portugueses, que chegavam ao Brasil, deveria ser bastante econômico e só gastavam dinheiro em coisas imprescindíveis e o restante guardavam. Mas mesmo assim era difícil fazer economia em pouco tempo, que levasse a poder adquirir propriedades.
A chácara em Botucatu, onde me criei, foi adquirida com dinheiro de herança, que meu avô recebeu deixada pelos meus bisavós: João Coelho da Silva (falecido em 1912 na Ilha da Madeira) e Marta de |Jesus Pitta. 
Sei que meu avô chegou a ver preço e tentar comprar mais terras em Botucatu.
Mas não concluiu o negócio, porque morreu antes, quando tinha aproximadamente 35 anos de idade. 

E não morreu em Botucatu, mas sim em uma cidade, além de Botucatu, em Itatinga. 

Soube apenas que minha avó foi avisada de que ele estava passando muito mal e pediam que fosse urgente vê-lo pois poderia até morrer. Sua enfermidade era grave.

Viajou assustada para Itatinga, temendo que ele já houvesse morrido e que estivessem escondendo dela. E não deu outra. Ele já havia falecido e ela chegou em tempo de apenas ver o corpo, antes de ser enterrado no cemitério de Itatinga. 

Contaram os parentes, onde ele se hospedara a última vez, que estava com pressa de voltar a Botucatu. Pedira que o chamassem cedo. Quando bateram na porta, não ouviram resposta nenhuma.

Insistiram várias vezes, mas nada. Aí constataram que havia morrido de enfarto fulminante.

Minha avó providenciou o eerro em Itatinga e não pode avisar aos seus filhos, todos menores ainda, nem a seus parentes e amigos em Botucatu do falecimento do marido. 

Por isso, quando chegava o trem de passageiro a Botucatu, vindo de Itatinga e passava próximo à chácara antes de chegar à estação, todos corriam até beira da linha do trem para verificar se meus avós chegavam. 

No dia seguinte, infelizmente, quando o trem passou próximo à chácara, a uns mil metros antes de chegar à estação, já a viram sozinha no trem, acenando com um lenço preto. Era a indicação de que o marido morrera e já estava viúva.

Minha avó e meus pais sempre nos transmitiram a informação de que o reumatismo, que o acompanhava há bastante tempo, seria o responsável pela sua morte prematura. Esta doença crônica teria deixado o seu coração fraco. Talvez fosse a interpretação da medicina na época.

 

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Meu avô paterno

João Coelho da Silva (1a. geração)

(Não tenho foto - se algum parente a tiver favor ceder)

Mãe e pai: nomes não pesquisados.

Esposa: Ana Rosa Gonçalves Coelho da Silva (1a. geração)

Foto provavelmente em 1942 com ais de 60 anos.

Irmãos:

 João, Manoel, Aires e Augusto.  

Filhos:

Manoel, João, Antônio, José, Maria, Ana, Matilde e Marta.