AJORB
Associação dos jornais e revistas de bairro de S. Paulo

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São Paulo/SP-Brasil

Email: Fale com o presidente da Ajorb  /SITE: http://www.ajorb.com.br/
CGC:051.750.958/0001-30 - Fundada em 28/abril/1.971

Entrevistas do presidente Egydio Coelho da Silva

Perguntas mais freqüentes

Perguntas

Respostas

Ajorb:
-Para que serve a Ajorb e o que é exigido do jornal de bairro para se filiar à Ajorb?

A AJORB entende que todos jornais comunitários são importantes e não cria privilégio para uns poucos, nem discrimina nenhum jornal e, por isso,luta contra o monopólio de imprensa nos jornais de bairro e em geral.
O objetivo da AJORB é defender todos os jornais de bairro, filiados ou não. Aprovamos um Código de Ética, que, inclusive, está disponível em nosso website: www.ajorb.com.br
Para manter normas salutares, fazemos algumas exigências para que os jornais possam se filiar à AJORB, que são:
1) Jornais ou revistas, que circulem em um bairro ou uma região da cidade de S. Paulo.
2) Tenham, no mínimo dois anos de circulação ininterrupta.
3) Comprovem a regularidade da sua periodicidade.
4) Editoras que editem no máximo cinco (cinco) jornais de bairro;
5) Comprometam-se a se sujeitar ao código de ética da AJORB.
6) Seja aprovada a sua admissão em reunião de Diretoria.
7) Os filiados não são obrigados a contribuir com a Ajorb. A Ajorb, quando angaria anúncio para seus filiados, lhes cobra 10% sobre o valor líquido do anúncio por ela angariado, desde que o filiado se interesse e concorde em publicar o anúncio. Também cobra R$20,00 (vinte reais) de mensalidade dos filiados que desejam ter seu endereço, telefone, email e site disponibilizados em nosso website: www.ajorb.com.br

Agências de publicidade e jornais de bairro: -As grandes verbas publicitárias geralmente não são direcionadas para os jornais de bairro, por opção das agências de publicidade? O problema é que o sistema de remuneração das agências de publicidade é oriundo de 20% de comissão sobre o valor do anúncio que for veiculado. 
 Evidentemente que para a agência é muito mais prático colocar esse anúncio em grande jornal ou rede de televisão, que são conhecidos; lhe dá pouco menos trabalho e os veículos são organizados técnica e burocraticamente. 
Porém, se ela resolvesse fazer anúncio em jornais de bairro o seu trabalho seria aumentado, teria que aumentar o número de empregados, explicar ao cliente quais são veículos, enfim para ela não compensa economicamente. 
Os anúncios, que temos para jornais de bairro, via agência, são sempre por imposição do cliente, dificilmente por iniciativa da agência. 
Para facilitar o trabalho das agências, quando o próprio cliente exige publicação em jornais de bairro em São Paulo, nós adotamos uma prática que já existe há muito tempo nos Estados Unidos. 
Os anúncios são feitos por intermédio da AJORB. 
É que para as agências é muito mais fácil negociar anúncio, distribuir arte, fazer faturamento, etc. somente através da AJORB e não diretamente com uma centena de jornais de bairro.

Aperfeiçoamento: -Os jornais de bairro procuram se aperfeiçoar?

Acho que os jornais de bairro não precisam fazer modificação no modo de agir com relação à forma de noticiar os fatos de interesse de sua comunidade. Entendo apenas que devem procurar se aperfeiçoar cada vez mais profissionalmente, porque é sabido que “quem estaciona, regride”.
Do ponto de vista gráfico, os jornais de bairro são impressos nas gráficas dos melhores jornais de São Paulo e a um custo relativo barato, porque as rotativas ficam ociosas e eles disputam o mercado do jornal de bairro, oferecendo preço bastante concorrido.

Amadorismo:
-Percebe-se que há muito amadorismo em jornal de bairro. É verdade?

Hoje os jornais de bairro estão bastante profissionais. 
Caso contrário, não sobreviveriam.
Quanto ao aspecto amadorista do jornal, ele existe no começo. Na realidade, quase todos os proprietários de jornais, quando o fundam, fazem por princípio altamente comunitário e idealista.
Preocupados com um problema ou muitos problemas de seu bairro, resolvem editar um jornal para reivindicar melhorias para seu bairro.
Depois de um ou dois números é que ele descobre que é "empresário".
Aí então é que vai precisar agir profissionalmente. Os que nõ se profissionalizam, acabando fechando, após uma ou duas edições.

Caderno ou suplemento de bairro: 
– Grandes veículos lançam cadernos regionais isso concorre com os jornais de bairro?

É aparente competição com os jornais de bairro. Parece-me idéia errônea de um ou outro grande jornal editar suplemento regional encartado em seus jornais.
Eles não conseguem cobrir o custo de sua edição, nem mesmo se comunicam com o bairro, porque editam o suplemento com notícias de uma região (que não é um bairro). O jornal de bairro se preocupa com notícias “para” o bairro e esses suplementos, no máximo, conseguem elaborar notícias “do” bairro para seus leitores, cuja maioria não mora no bairro.  Isto pode parecer jogo de palavras, mas não é.
O diretor de jornal de bairro é envolvido com a comunidade, participa das entidades, da vida comunitária física e emocionalmente e, por isso, se comunica com ela.

Estagio: 
-Jornais de bairro e do interior costumam aceitar estagiários?

As empresas jornalísticas não podem oferecer estágio porque a legislação não permite.
Se algum jornal de bairro deixa universitário escrever em seu jornal, acredito, é porque é solidário com o estudante e deseja juda-lo. Mesmo porque o trabalho profissional de pessoas inexperientes dá mais prejuízo do que lucro.
Essa idéia de que jornais de bairro precisam de mão de obra barata é tese defendida por alguns jornalistas profissionais, que temem que a regulamentação do estágio fará surgir mão de obra mais qualificada, que venha a disputar a já estreita fatia do mercado de trabalho.
Quem mais se prejudica é o estudante, que perde tempo e gasta dinheiro cursando faculdade de jornalismo e, depois de formado, terá que exercer outras profissões que não a de jornalista. Os jornalistas, recém formados, somente alcançam competência profissional, no mínimo, depois de dois anos de atividade jornalística, pelo menos em nosso jornal que é semanário.
A única forma seria a regulamentação do estágio, que encontra no Sindicato dos Jornalistas Profissionais o seu maior adversário. De certa forma, eles têm razão porque se preocupam com a oferta de emprego que há tempo é bem menor do que a procura.
Conversei com uma jornalista carioca recentemente e ela me disse que no Rio de Janeiro o estágio é regulamentado. Com certeza houve acordo entre o sindicato patronal, o sindicato dos jornalistas profissionais e, provavelmente, com algum lobby dos alunos e das universidades.
O Sindicato Profissional se opõe porque, por preconceito, julga que as empresas jornalísticas teriam interesse em economizar no pagamento a profissional, utilizando o estagiário. É um engano.
O interesse das empresas seria apenas de dispor de profissionais mais competentes saindo das faculdades, mesmo porque hoje o leitor está bastante exigente e somente com qualidade se consegue manter o nível da publicação.
Entendo que a culpa da falta de regulamentação do estágio é da direção das faculdades, que se omitem e não fazem lobby suficiente para forçar a regulamentação.
Os alunos teriam também sua parcela de culpa, mas, infelizmente, quando adquirem a consciência de que precisam de muita prática para obter sucesso profissional já estão no fim do curso e precisam resolver seu problema particular com mais urgência.

Faculdades de jornalismo: 
- Elas preparam realmente o jornalista para exercer a profissão?

Eu dirigia um jornal em Assis há nove anos e já era jornalista registrado no MT, quando ingressei na Faculdade de Jornalismo (FAAP), na década de 70.
E tirei bastante proveito porque, tendo experiência profissional, assimilei muito bem a parte teórica, que me tem sido muito útil.
Mas para quem nunca teve experiência profissional, nem estiver tendo prática concomitante com o recebimento de teoria, tem até dificuldade de entender as teorias. E, prática, com certeza não conseguirá.
Infelizmente, as pessoas se formam, com alguma teoria, mas a prática, as universidades, por mais que se esforcem, não conseguem dar aos alunos.
Mesmo os laboratórios, embora bastante técnicos, não preparam o aluno para o mercado do trabalho.
Quanto ao jornalismo regional ou comunitário, as faculdades deveriam criar uma cadeira de jornalismo regional, no curso de jornalismo.
Quando terminei o curso de jornalismo na FAAP, o prof. João Scatimburgo, então diretor da faculdade, me convidou para dar aula sobre jornalismo comunitário, pois eu já tinha experiência em fazer jornal comunitário no interior, em cidades como Assis, Ourinhos, Palmital e Cândido Mota.
Infelizmente, porém, não pude aceitar porque não dispunha de tempo para lecionar.

Jornal clandestino:
-Editar jornal clandestino seria por motivo de amadorismo?

Em princípio lógico, de fato e não burocrático e cartorário, nenhum jornal que imprima nele corretamente o nome, o endereço e o nome do diretor não deveria ser considerado clandestino.
Mesmo porque os jornais nos Estados Unidos não são registrados em cartório por decisão da Suprema Corte, se não me engano, no final do século XIX.
É que um jornalista se recusou a registrar seu jornal, alegando que isto lhe tiraria a liberdade.
Por isso foi condenado e preso, mas a decisão final foi a de que o jornalista tinha razão e hoje os jornais lá não são obrigados a se registrar em cartório.
De qualquer forma, nos estamos no Brasil e o registro de jornal é obrigatório e isto não tira a liberdade de ninguém.
São os seguintes registros:
1) Como qualquer empresa, deve se registrar no CGC (CNPJ) no Ministério da Fazenda;
2) Em cartório, exigência da Lei de Imprensa, exatamente para que, em caso do jornalista infringir algum artigo da Lei de Imprensa, o Judiciário tenha elementos para qualificar quem é o responsável pela publicação;
3) No INPI para garantir seu direito de uso exclusivo do nome (este último facultativo).
4) Na prefeitura, para emitir nota fiscal de serviço. Porém, como os jornais estão imunes (isto é isentos) de impostos (menos de imposto de renda) por força de dispositivo constitucional, muitos deixam de registrar na Prefeitura e no Estado, por omissão da fiscalização e/ou dos jornais porque é registro apenas burocrático.Algumas prefeituras já isentam jornais de inscrição, inclusive por lei.

Mercado de trabalho: 
– Se houvesse mais jornais de bairro haveria aumento da oferta de emprego para jornalista?

Filiados à AJORB são mais de 50 jornais de bairro. Ao todo em São Paulo, acho que devem existir de 150 a 200.
É menos de 10% do que deveria haver, pois, entendo que cada bairro, por menor que seja, deveria ter seu jornal de bairro. Como São Paulo tem mais de 2.000 bairros, a quantidade de jornais de bairro deveria se aproximar do número de bairros.
Daí, no meu entender, o campo que abre para ampliar o mercado de trabalho, pois se os estudantes de jornalismo tivessem um preparo profissional dirigido também para jornalismo comunitário teriam maior oportunidade profissional, não só como editor, redator ou repórter, mas também como proprietário de jornal de bairro.

Perfil biográfico:
-O Sr. poderia fazer um resumo de seu perfil biográfrico?

Sou natural de Botucatu-SP, exerci a profissão de alfaiate até os 20 anos em Botucatu e em São Paulo. Fiz curso supletivo (na época madureza), depois técnico em contabilidade, no Mackenzie fiz especialização para lecionar contabilidade. Quando estudante, editei um jornal mimeografado,chamado O Cronofo, da Academia de Letras (de estudantes) 21 de Abril (Colégio Frederico Ozanam) e o jornal O Corbiano do Centro de Oratória Rui Barbosa.
Nomeado funcionário público estadual fui trabalhar em Assis. Lá fui correspondente dos jornais Última Hora e Gazeta Mercantil de São Paulo e colaborava nos jornais locais Gazeta de Assis e Jornal de Assis.
Participei de um concurso de contos, em 1.962, promovido pela Faculdade de Filosofia e Letras de Assis e ganhei o primeiro lugar com o conto intitulado “O Engraxate”.
Em 1.963, fundei o jornal VOZ DA TERRA, que é diário e, neste ano de  2.006, completa 43 anos de circulação.
Removido para Ourinhos por problemas políticos, fundamos naquela cidade o jornal O Progresso de Ourinhos, em 1.965, que circulou naquela cidade durante cinco anos.
De volta a São Paulo, ingressei na Faculdade de Jornalismo da FAAP e concluí o curso em 1.973.
Fundei o JORNAL DA BELA VISTA em 15 de agosto de 1.976, hoje semanário, o qual completa neste ano 30 anos de circulação ininterrupta.
A partir de 1.987, seguindo uma tendência, que se verifica no jornalismo de bairro de S. Paulo, lançamos O HIGIENÓPOLIS, em seguida, O PARAÍSO em 1.988, e O CERQUEIRA CÉSAR em 1.990.

Registro e legalização e imunidade fiscal dos jornais. O jornal precisa ser registrado regularmente, como qualquer outra empresa de acordo com as leis em vigor no País.
Para registrar jornal, normalmente são três procedimentos:
1. na Junta Comercial ou em Cartório por se entender que é somente prestação de serviços, como qualquer outra empresa (qualquer escritório de contabilidade lhe dará informações); Se entidade, estatutos registrado em cartório – títulos e documentos.
2. Lei de Imprensa: registro em Cartório na Comarca; a finalidade é definir os responsáveis pela publicação, para que a Justiça tenha elementos para definir quem responde pela direção do jornal;
3 - Registro do título do jornal, no INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial, para evitar que outra pessoa edite um jornal com o mesmo nome do seu (facultativo);
4 – Os jornais e o material destinado à sua impressão são imunes de pagamento imposto por disposição constitucional, artigo 150, inciso VI, letra “d”, salvo imposto de renda.
Quanto à inscrição como contribuinte de impostos municipais e estaduais, a maioria dos estados e municípios isentam os jornais de inscrição, já que não devem ISS, nem ICMS.
5 – Há exigência em Lei de que o editor do jornal seja jornalista profissional. 
Existe decisão judicial, que exclui a obrigatoriedade de ser jornalista profissional para exercer a profissão. 
Alguns magistrados têm entendido que, como a regulamentação da profissão de jornalista foi feita por Ato Institucional dos militares no poder, deve ser tornada sem efeito, após o advento da Constituição de 1988. Mas há recursos e a decisão não é definitiva. Por isso é necessário observar que a Lei em vigor mantém a exigência de haver um jornalista profissional respondendo pela edição do jornal, muito embora o proprietário não seja obrigado a ser jornalista.
Sempre ao seu dispor,
Egydio Coelho da Silva, presidente da AJORB - Associação dos Jornais de Bairro de São Paulo-SP.

Restrições no mercado de trabaho. Por que os jornais de bairro empregam poucos jornalistas?

Acho que as restrições, que possam existir nos jornais de bairro, são, em grande parte, porque a Legislação Trabalhista e os acordos trabalhistas, a que está sujeito um pequeno jornal de bairro, são os mesmos, que regem o relacionamento dos grandes veículos com seus empregados.
Em São Paulo já existe o Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais de Bairro, o qual pode fazer acordo com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.
Acho que não é bom principalmente para os profissionais, que o mesmo piso salarial pago pela Zero Hora aí em Porto Alegre, O Globo no Rio, o Estado de S. Paulo em São Paulo seja o mesmo que é obrigado a pagar um pequeno jornal de bairro. Por isso, os pequenos jornais pensam mil vezes antes de admitir um novo jornalista.
Nos acordos para elevação do piso salarial, inclusive um dos argumentos, utilizados pelos grandes veículos, é o fato de que o piso salarial não pode ser aumentado porque os pequenos jornais não poderiam pagar. Com esse argumento conseguem sempre aprovar um piso salarial menor do que elas, grandes empresas jornalísticas, poderiam pagar. E para as pequenas o piso é sempre acima de sua capacidade econômica. Portanto, somente estimula a ilegalidade.

Ter seu próprio jornal de bairro: Como fazer?

Talvez o melhor caminho – para quem deseja ter seu próprio jornal de bairro – primeiramente é entender bem de administração de uma pequena ou média editora de jornal, participar ativamente da vida comunitária de seu bairro e obter o apoio da comunidade para seu empreendimento.

Vale a pena ser jornalista?

Acho que vale a pena. O jornalismo sempre me emocionou. Dediquei toda a minha vida ao jornalismo. Quando estudante, escrevia em jornais estudantis e de classe.
Consciente de que precisava ganhar algum dinheiro para viver e constituir família, prestei concursos públicos e fui ser funcionário público. Depois disso, nas horas vagas e fim de semana fazia jornalismo como correspondente de grandes jornais e fundei jornais em cidades do interior e em bairros de São Paulo.
A profissão de jornalista, em todos os setores, vale a pena para quem gosta da profissão, mesmo com pouca perspectiva de ser bem remunerado.

Veja as entrevistas do presidente da Ajorb com estudantes de jornalismo
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“Se tivesse que decidir se devemos ter governo sem jornais ou jornais sem governo, eu não vacilaria um instante em preferir o último” (Thomas Jefferson).

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