Egydio Coelho da Silva e Suely Silvae
 

História da fundação  de Monte Verde
Camanducaia - Distrito de Monte Verde -MG - Brasil

 

Capítulo VI– descoberta desta região

Os bandeirantes apareceram

na região em 1849

 

“Monte Verde era intocável nessa época, as pessoas tinham medo daqui por existirem muitos animais” conta dona Anita Bortz, cuja família chegou da Rússia por volta de 1930, quando estourou a revolução".

Texto de Suely Silva

Um pouco de história
 

É só imaginar como era no século XVIII, quando os Bandeirantes, vindos de São Paulo, abriram caminho em meio às matas em busca do ouro, criando a pequena vila de Camanducaia (em 1849) e só em 1868, foi criado o município.
O Sr. Verner Grinberg, fundador de Monte Verde, e sua família chegaram depois, em 1940 para tomar posse da Fazenda Pico do Selado.

Não foi à toa que eles se apaixonaram pelo local.
A semelhança com topografia e clima tipicamente europeu, fez nascer o que é hoje MV, só resta consciência em preservar cada vez mais.
É preciso proteger sempre a natureza e até lutar se for preciso, para que ninguém destrua o que é nosso de direito.


VOZ DA TERRA ON LINE EM 09 DE JULHO DE 2.002
Pelos Caminhos Do Circuito Serras Verdes do Sul de Minas
Por Suely Silva


As margens da Fernão Dias, que um dia foi apenas uma trilha usada por índios, forasteiros, imigrantes, aos poucos foi sendo povoada, espalhando-se pela serra da Mantiqueira.

A ambição pelo ouro e as riquezas que a terra oferecia, foi fator importante para a formação dos primeiros núcleos colonos e por fim as pequenas cidades do Sul de Minas Gerais.
A fé e o sentimento religioso também foi fator primordial para a formação de muitos vilarejos que se transformaram em seguida em cidade santuário.
Hoje, cada uma com sua beleza, com sua história faz parte do Circuito Serras Verdes do Sul de Minas.

Viajar pelo Circuito Serras Verdes, lembrando ser eles: Extrema, Itapeva, Monte Verde, Cambuí, Córrego do Bom Jesus, Estiva, Senador, Bom Repouso, Tocos do Moji, Paraisopolis, Consolação, Gonçalves, Toledo e Moji-Mirim é atravessar a historia e fazer uma viagem de sonhos.

De belas paisagens e trilhas pouco conhecidas.
É ter certeza que aqui bem pertinho da gente existem paraísos ainda desconhecidos.
Não levando em conta a falta de estrutura para receber os turistas, que virão desbravar esse tesouro sul mineiro, vamos apenas descrever a sua beleza natural e a história de seu povo.

O município do Córrego, que ao meu ver, é um dos mais belos da nossa região tem uma história inusitada.
Em 1873, saiu de Portugal e atravessou o Atlântico com destino ao pequeno vilarejo, uma imagem do Bom Jesus, sendo notícia nos melhores jornais do Porto na época.
“O Sr. Manuel Soares de Oliveira, hábil escultor desta cidade, acaba de expor em público mais um dos seus excelentes trabalhos.

É uma imagem do senhor preso, em tamanho natural. Nada falta a bela obra para se tornar admirada.
A imagem reúne uma posição muito natural, grande correção nas formas e musculaturas.

É a mais forte expressão de dor de sua fisionomia. Encontra-se exposta na oficina do dourador João Teixeira, em breve irá para o Brasil”. assim dizia “O Progresso Comercial” do Porto.

Esculpida pelo português, Manuel Soares e pintada pelo dourador João Teixeira, é a segunda existente no Brasil e custou na época 400 mil réis.

A imagem, que por direito pertence ao Córrego, quando foi levada a capela de Cambuí para uma visita, precisou de muita gente para trazê-la à força de volta. Hoje, é contado com muito humor por seu Zé Polidoro, 97, um dos moradores mais antigos.
“Eles não queriam devolver, então, nos munimos de facões e porretes e arrancamos o Bom Jesus a força da igreja.

Afinal, ele nos pertencia”, conta seu Zé orgulhoso pela façanha, que viveu na época.
O Córrego, assim como todas as outras cidades, é um lugar misterioso e cheio de histórias que até nem posso relatar de tão assustadoras.

Em agosto, o Córrego recebe inúmeros romeiros para a festa do Bom Jesus, que virou uma tradição, completando quase 130 anos de história.
Outro lugar, que vale a pena visitar é o alambique do seu Zé, no Bairro de Lavras, há cinco quilômetros do centro.

São quase 400 anos de tradição.

Tudo é movido a energia natural.

Seu Zé, já na quarta geração de uma família de imigrantes italianos, que ali chegaram e construíram o engenho, é hoje o herdeiro.
Na sua humildade e perseverança continua fabricando artesanalmente a cachaça, apenas para o consumo dos amigos e para preservar a relíquia da família.

Vale a pena conhecer o alambique do seu Zé, mais ainda pela pessoa maravilhosa, que ele é por suas histórias.
Um fator importante a esclarecer é que a Pedra de São Domingos, um dos picos mais altos da região, também, ótimo ponto para os futuros turistas, pertence a três municípios: Camanducaia, Paraisópolis e Córrego.
E pronto! Ninguém precisa discutir mais isso! A Pedra é de todos.
Estiva também tem sua importância, por já ter conquistado o primeiro lugar na plantação de morango no país.

E também, outra curiosidade de Estiva, é a origem do seu nome.

Em 1720, foi preciso construir um estivado de madeira roliça para que as tropas e cargas pudessem passar por ali.

Na grande maioria eram os forasteiros, levando o ouro extraído de Minas Gerais para a capitania de São Paulo. Contam os antigos que o local era um pantanal, pior trecho da estrada, onde tropeiros viviam perdendo seus burros de cargas nos atoleiros existentes por ali. Daí então, originou o nome Estiva.

A pequena Estiva hoje, também, diga-se de passagem, sem nenhuma estrutura hoteleira e gastronômica, tem sua beleza nos casarões ainda preservados e as cascatas com inscrições indígenas ainda desconhecidas por muitos.

Mas, é de Estiva que vai para todo circuito e, em breve, para todo Brasil, as deliciosas compotas da Alquimia Mineira, feitas com muita dedicação pela moradora Roselene.
Ainda em Estiva, subindo uma serra e passando a fazenda Velha, chegamos a Tocos do Moji, uma cidade, que é exemplo de união política e participação popular. Foi a última cidade do Brasil a ser emancipada, antes da Lei do Serra (em 1998), que dificultou a criação de municípios.

Com muita luta e união, Tocos do Moji é uma cidade independente desde 1997.

Uma cidade com apenas quatro mil habitantes, mas posso afirmar que, quando cheguei a Tocos, imaginava uma cidade de menos de dois mil habitantes de tão pequena.
Pequena no tamanho, mas grande é o seu potencial turístico.

Inúmeras cachoeiras cortando as estradas e muitos picos para quem curtem a prática de montanhismo.
Ali, na pracinha no centro de Tocos, em meio a uma moderna fonte luminosa, as senhoras fazem seu crochê.

Além de transmitirem hospitalidade, é claro, característica própria do mineiro autêntico, elas estão contribuindo um pouquinho com sua arte para o desenvolvimento do município. 
Também, despertando para o turismo, Tocos do Moji não oferece muito em matéria de estrutura como hospedagem e gastronomia.

Mas com um povo unido, como pude perceber, e uma administração competente, valendo ressaltar o nome do prefeito: Antônio Rodrigues da Silva, Tocos tem tudo para crescer. Parabéns!
Continuo minha viagem pelos Circuitos Serras Verdes do Sul de Minas, e a “Próxima Parada” pode ser aí na sua cidade.

Ainda faltam muitas trilhas a serem enfrentadas graças ao novo programa de turismo, produzido pela Visual Produções de São Paulo, no qual fui carinhosamente convidada pela produtora Leilla Tonin e o diretor Amauri Mauro, que estão me dando a oportunidade de trabalhar como roteirista do programa, que será exibido em breve pela Rede Mundial de Televisão.

Até a “Próxima Parada”. Suely Silva

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da Fundação de Monte Verde