Motivo, que
determinou a produção deste livro
Este livro surgiu porque, em reuniões da sociedade União do Bixiga (1), se perguntava por que não havia um dia para ser
considerado como a data de fundação do bairro.
(1) União do Bixiga:
Entidade, tipo sociedade de amigos de bairro, fundada e presidida
inicialmente por Nélson de Abreu Pinto, proprietário do então Restaurante
La Távola.
Suas reuniões aconteciam no próprio
restaurante.
Tinha por finalidade unir todas as lideranças e entidades do bairro no
trabalho de melhorias e de preservação dos valores culturais do Bixiga.
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Alguns participantes da
reunião se comprometeram a fazer pesquisas, mas de antemão já havia quase
consenso de que o bairro era muito antigo; teria nascido pouco tempo depois da
fundação de São Paulo que foi em 25 de janeiro de 1554.
Voltei para casa, matutando sobre esse assunto e me deu um estalo quando cai na real e entendi que não era
correta a interpretação de que o bairro era muito antigo. Como poderia ser
antigo se tudo mundo sabia que se tratava de um bairro formado inicialmente
pela maioria de imigrantes italianos (2)?
(2) Imigrantes italianos:
A intensa imigração de italianos, no final do século19, tornou a cidade praticamente
bilíngüe. Indústrias e bairros novos surgiram por todos os lados.
A cidade que, segundo o recenseamento de 1872, tinha pouco mais de 31.000
habitantes, alcançava 65.000 em 1.890 e cerca de 200.000 em 1900. Um
crescimento espantoso de quase 700% em apenas 28 anos.
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Ai então comecei a reler
diversos livros, que falavam da história do Bexiga
ou do Bixiga.
E esta pesquisa me levou
a constatar que realmente o bairro nascera num momento em que a imigração de
italianos em São Paulo era muito forte.
Encontrei então a data de primeiro de outubro de 1878, quando D. Pedro II (3) lançou a pedra fundamental de um hospital no bairro.
(3) Dom. Pedro II:
O segundo Imperador do Brasil reinou
durante 58 anos, era filho de Dom Pedro I, nasceu no Rio de Janeiro, em
dois de dezembro de 1825.
Foi batizado com o nome de Pedro de Alcântara
João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco
Xavier de Paula Leocádio Miguel.
A abdicação do pai tornara Pedro II
imperador com apenas cinco anos. Dom Pedro II demonstrou muito tirocínio e
sempre esteve atento às novidades tecnológicas do seu tempo e procurou, no
seu império, modernizar o Brasil. Faleceu em Paris
em cinco
de dezembro de 1891, aos 66 anos.
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Este hospital não teve sequer sua construção iniciada, o que confirma a
máxima de um humorista argentino:
“La piedra
fundamental es la única que no es fundamental”.
No entanto, a inauguração
solene do loteamento, contando com a presença do Imperador, que lançou a
pedra fundamental do hospital, mostra que já havia uma pequena comunidade no
local.
Encontrei também, um
anúncio de terrenos no Bexiga (4), no mesmo loteamento, onde o hospital deveria ser
construído.
O anúncio, publicado em
28 de julho de 1878, dois meses antes do lançamento da pedra fundamental do
hospital, evidencia que o loteamento já estava legalizado.
Muito embora não deixe claro se já havia moradores no bairro.
(4) Terrenos
do Bexiga:
Vendem-se magníficos terrenos às braças ou em grandes lotes, com
pastos ou matas, a vontade do comprador.
Não há nada a desejar nestes terrenos dentro da cidade, água corrente, em
diversas fontes, lindos golpes de vista para as bonitas chácaras, ruas de
60 palmos de largura.
Preços baratíssimos, desde 20$, 30$, 40$ até 50$000 a braça, com 30 braças e
mais de fundo, conforme a localidade escolhida.
A planta acha-se nas oficinas de Santo Antonio, no Bexiga,
podendo ser examinado a qualquer hora, tanto a planta como os terrenos.
Para
tratar com proprietários na mesma oficina ou com E. Rangel Pestana, na Rua
Imperatriz n. 44. (Anúncio, publicado em “A Província de S. Paulo”, hoje O
Estado de S. Paulo em 28/07/1878.)
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Este fato poderia gerar a interpretação de que, se alguns
lotes já tinham sido vendidos, o bairro havia nascido antes do
lançamento da pedra fundamental do hospital.
Mas o que consolida o nascimento do bairro, com certeza, é o inicio de construção
de um bem público. Neste caso, o hospital, que seria usado pelos moradores.
A prova de que o bairro
realmente nasceu em 1º de outubro de 1878 ficou ofuscada, quando localizei um
ofício de 30 de janeiro de 1793, dando conta de que as autoridades municipais
autorizaram o transporte de pedras para ao primitivo chafariz do Bexiga.
Este fato está registrado no Arquivo Aguirra (34).
(34) Arquivo Aguirra.
Acervo documental produzido, coletado e organizado por João Baptista de
Campos Aguirra (1871-1962).
Trata-se de coleção de fichas, mapas, cadastros, livros, fotografias, entre
outros itens, que integram um dos fundos do Serviço de Documentação Textual
e Iconográfica do Museu Paulista da Universidade de São Paulo.
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Portanto, em 1793, já se registra que a região, denominada Bexiga, existia. Embora não fosse ainda uma
comunidade com costumes e objetivos comuns.
Agora, então, eram 85
anos antes do
ato solene de inauguração do loteamento, que me parecia mais correto para o surgimento do
bairro, ocupado por maioria de italianos.
Acrescente que, um ano depois, em seis de
fevereiro de 1794, uma escritura pública também deu nome de Chácara do Bexiga
à região toda. Portanto,
84 antes da data por mim interpretada, que seria a da fundação do bairro do
Bixiga.
E por que, então,
julgaria eu que o bairro do Bixiga não era um bairro bem antigo, contrariando
o entendimento da maioria?
Parti da interpretação de que a data de fundação de um bairro ou de uma
cidade deve ser o momento, em que a comunidade começa a surgir,
como aconteceu com a cidade de São Paulo, que praticamente nasceu, quando se
inaugurou o Colégio dos Jesuítas (11).
(11) Colégio dos
Jesuítas
No dia 25 de janeiro de 1554, com a
participação dos nativos, se construiu uma capela rústica, cujo objetivo
era a catequese dos índios e também o de servir de abrigo a viajantes
. 
O colégio e a pousada, situados entre
os Ribeirões Tamanduateí
e Anhangabaú, ganharam fama entre os moradores do litoral
e a vila começou acrescer.

Em
1824, a
capela, o Colégio e o povoado na visão do pintor Baptiste
Debret.
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Na maioria das cidades,
normalmente os historiadores consideram que a fundação das cidades se dá na
data da escritura de doação de terreno para construção de um bem público a
ser usado pela nascente comunidade.
E quase todas as cidades
brasileiras têm como data de fundação o dia em que uma pessoa, que é
considerada a fundadora, doa terreno para construção de um bem público.
Normalmente, o terreno
se destina à construção de igreja, mas poderia ser hospital, escola, praça
pública, estação ferroviária ou rodoviária.
Até mesmo um campo de futebol.
No caso do Bixiga,
entendi que a melhor data é realmente 1º de outubro de 1878, quando D. Pedro
II, imperador do Brasil, lançou a pedra fundamental de um hospital no
terreno, doado por Antônio José Leite Braga (6), no loteamento, que o fundador
arruara no início da Chácara do Bexiga.
(6) Antônio
José Leite Braga, proprietário do loteamento do Bixiga,
ofereceu uma quadra
de seus terrenos, com 8475 braças quadradas, à Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia.
Na carta, que enviou à Irmandade, Leite Braga diz que é "irmão"
da Santa Casa, mas, "quando não fosse, isto
não me abafaria o desejo de ser útil a uma instituição tão merecida do
auxílio de todos".
Conta nessa carta que chegou ao
Brasil quando ainda criança e aqui conseguiu recursos que lhe permitiram
agora fazer essa doação "a favor dos necessitados" (esta carta
foi publicada no jornal "A Província de São Paulo", em
02/10/1878).
Porém,
havia nessa doação uma cláusula: a Santa Casa teria que construir na quadra
doada um hospital, destinado aos pobres de São Paulo. E as obras deveriam
se iniciar dentro de dois anos.
A
Santa Casa aceitou a doação, mas optou por não construir o hospital no
Bixiga.
Preferiu investir no imóvel, próximo ao hoje Largo do Arouche, em vez de
desviar recursos para outro empreendimento.
Antônio José Leite Braga faleceu, pouco tempo depois. Após seu falecimento,
a viúva, Eugênia de Araújo Braga, se casou, em segundas núpcias, com
Fernando de Albuquerque, que prosseguiu nas vendas dos lotes e,
conseqüentemente, na formação do bairro do Bixiga.
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Espero que
este livro não tenha apenas a utilidade de provar a verdadeira data de
fundação do bairro, mas que sirva também de orientação a todos os que desejam
descobrir a verdadeira data de fundação de sua cidade, de seu bairro ou de
sua comunidade.
Nas minhas
pesquisas, constatei que há cidades e bairros, que têm a data de fundação
alicerçada na primeira prova de que a comunidade já existia ou começava a
nascer. Outras, porém, não.
A maioria
das cidades escolhe a data correta da sua fundação.
Algumas,
porém, nem sempre.
Confundem datas importantes com a data de fundação.
Exemplo de
descuido com a data de fundação, encontrei na
história da cidade de Marília.
Recordo-me
do diretor do jornal, Correio de Marília, Anselmo Scarano, me dizer, na
década de 1970, num encontro de diretores de jornais na sede do CBI (8), que
seu jornal era mais velho do que a sua cidade.
Seu jornal fora fundado no dia 1º de maio de 1928.
(8) – CBI-Consórcio brasileiro de imprensa, empresa com sede
em São Paulo, que na época já era representante de mais de 60 jornais do
interior do Estado de São Paulo.
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Ironicamente
ele censurava a escolha de uma data posterior à verdadeira data de fundação
da cidade.
Pois, quatro
de abril de 1929 é festejado como sendo a data de fundação de Marília.
Provavelmente, quem fez a pesquisa da história de Marília procurou uma data
que, na ocasião, seria mais interessante, talvez até mais emocionante. Não se
preocupou com a data correta da fundação.
Mas, a verdade histórica é que já existia uma comunidade muito ativa e forte
no local e até havia um jornal circulando há mais de
ano antes da data considerada de fundação da cidade.
É de se
acreditar que dirigentes políticos da cidade optaram pela data de emancipação
política de Marília, porque lhes era conveniente do ponto de vista
político-eleitoral.
Trata-se de
procedimento costumeiro em muitas cidades do interior do Brasil.
A data de fundação oficial da cidade de Marília (7) é quatro de abril de
1929, mas o jornal Correio de Marília circulou pela primeira vez em primeiro
de maio de 1928.
(7)
Marília começa a nascer, quando Bento de Abreu Sampaio Vidal abre um
loteamento em seu patrimônio, sabendo que a Companhia Paulista de Estradas
de Ferro vinha avançando seus trilhos.
A
Paulista tinha por norma inaugurar as estações em ordem alfabética.
Como
a estação anterior era Lácio, logo a próxima deveria se iniciar com a letra
"M".
A
própria Cia. Paulista então sugeriu a Bento de
Abreu os nomes de “Marathona”, “Mogúncio” e “Macau”.
Ele não gostou de nenhum e escolheu o nome de Marília, pois lera e se
emocionara com o poema de Tomás Antônio Gonzaga, “Marília de Dirceu”.
Como distrito, já denominado Marília, foi criado em 22 de dezembro de 1926.
Elevada a município, sua insta-lação oficial se
deu a quatro de abril de 1929, data em que é comemo-rada
sua fundação.
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Portanto, constata-se que se escolheu uma data histórica importante, mas não
a verdadeira data de sua fundação.
Não pense o
leitor que desejo criticar a cidade de Marília por isso.
Na realidade, muitas outras cidades fizeram a mesma coisa.
Tão somente
esta citação tem objetivo didático e histórico.
É pena que
não haja maior desejo de se apurar a data correta de fundação de comunidades:
cidades, distritos ou bairros.
A mim, me
parece que é fundamental fazer justiça à memória dos verdadeiros fundadores.
Não há de minha parte intenção de criticar especificamente a aparente falta
de preocupação com a verdade histórica de Marília.
Ela é apenas
um exemplo, pois igual a Marília, existem muitas outras cidades, que adotaram
o mesmo critério: escolheram uma data histórica importante para indicar a
fundação da cidade.
Na maioria
dos casos, a emancipação política.
Mas, data histórica
importante nem sempre é a verdadeira data de fundação da comunidade.
Evidentemente que a data mais importante, inclusive da vida pessoal de cada
um, é a primeira.
Por isso
que, para cada indivíduo, sua data de nascimento é sempre a mais importante
de todas as que marcaram sua existência.
Nem poderia
ser diferente, porque nenhum outro acontecimento de sua vida teria sequer
existido se não houvesse seu nascimento.
Com as cidades e bairros é a mesma coisa.
Não haveria
outras datas históricas importantes para a comunidade, como elevação à
condição de vila, de distrito, emancipação, etc. se a sua fundação não
tivesse acontecido.
Emancipação
política, elevação à comarca sequer teriam existido se não houvesse a
fundação.
Portanto, a data de fundação é, sem dúvida, a data mais importante de uma
comunidade.
E é na busca
desta data que o pesquisador deve se ater por
questão de fidelidade à verdade histórica.
Como exemplo
de data correta de fundação, podemos citar a cidade de Assis, interior do
estado de São Paulo.
Sua fundação se deu em 1º de julho de 1905, quando Francisco de Assis
Nogueira (9), que tinha o título de capitão, doou terreno para construção de
uma igreja.
(9) Capitão Francisco
de Assis Nogueira.
Era bandeirante, por
índole e formação.
Chefe de prestigio nas
zonas, que povoava.
Sertanista experiente, muito respeitado, pelo seu bandeirantismo.
Deixou a cidade de
Botucatu, quando esta já era comarca.
Ganhou os sertões da
Alta Sorocabana. Expulsou os índios.
Fundou povoações, principalmente a cidade de Assis, cujo nome relembra seu
fundador.
Nasceu em Baependi-MG, no ano de 1821 e
faleceu em julho de 1908, filho de Francisco de Assis Nogueira.
Tri-neto do Capitão
Tomé Rodrigues Nogueira do Ó, fundador da cidade de Baependi-MG.
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O nascente
povoado recebeu o nome de Assis, em homenagem ao seu fundador, Capitão
Francisco de Assis Nogueira, e do santo de sua devoção, São Francisco de
Assis.
Capitão Francisco registrou a doação do terreno para construção da igreja em
Assis na comarca de Campos Novos Paulista (10).
(10) Campos Novos do
Paranapanema
Atual, Campos Novos Paulista pode ser considerada a cidade que Assis fez
encolher e ficar anã.
Campos Novos, a mais
antiga cidade do Sertão do Paranapanema, começou a nascer por volta de 1852, quando José Teodoro de Souza, mineiro de Pouso
Alegre, chegou à região, onde construiu diversas casas.
Em 1856, requereu às
autoridades de Botucatu a posse das terras.
Nelas, construiu uma
capela invocando São José, às margens do rio Novo (afluente do rio
Paranapanema).
Em 1885, passou a município e elevado à comarca em
1892.
Era
uma das três cidades mais importantes existentes no oeste do sertão
paulista.
A
mais próxima da capital de São Paulo era Sorocaba, mais ao interior,
aparecia Botucatu e, a cerca de 500 km, ficava Campos Novos.
Quando
se iniciou a construção da Estrada de Ferro Sorocabana, o projeto de sua penetração
pelo interior de São Paulo previa sua passagem por Campos Novos.
Porém,
os políticos locais entenderam que isto seria prejudicial porque aumentaria
a insegurança e traria maus costumes à pacata cidade.
A
partir de 1914, quando os trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana chegaram a
Assis, a maior parte da sua população migrou para Assis.
Posteriormente, até a comarca foi transferida para Assis.
Campos
Novos Paulista, que seria hoje uma das maiores cidades do interior de São
Paulo, estacionou e regrediu.
Talvez
até tenha sido melhor: cidade pacata e com o melhor clima da região.
Sua
população em 2015 não chegava a cinco mil habitantes.
É um dos 15 municípios paulistas
considerados estâncias climáticas do Estado de São Paulo.
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Também devemos destacar como correta a data de fundação da capital do Estado
de São Paulo, cujos historiadores optaram pelo dia, em que se deu a
instalação do Colégio dos Jesuítas.
Até então,
em São Paulo, havia apenas aldeias indígenas. (página 28-a conferir)
Antes de 25 de janeiro
de 1554, em São Paulo, havia apenas aldeias indígenas e a mais importante,
com relação ao nascimento da cidade, era, com certeza, a chefiada pelo cacique
Tibiriçá (12).
A aldeia do cacique Tibiriçá ficava na confluência do ribeirão Anhangabaú (14)
(14) Anhangabaú (anhangá-y):
Alguns
historiadores interpretam que Anhangabaú, na linguagem indígena, significa
lugar de "muitos maus espíritos".
Mas Anhangabaú
também significa muitas coisas ruins. Neste caso, as águas eram ruins para
beber e provocavam doenças. Os índios tinham razão, pois, já no século XVII, se constatava que
suas águas eram salobras e causavam doenças.
E o engenheiro Sanchez d'Oria,
em 1791, examinou as águas do Riacho
Yacuba, (Yacuba ou Acu, significa em Tupi "água envenenada"), que nascia na confluência da Rua
Brigadeiro Tobias com a então ladeira da Santa Ifigênia.
Descia pela Praça do Correio,
serpenteando, até desaguar no Anhangabaú. Sanchez d'Oria
comprovou: "É água ácida e vitriólica, com
base calcária de oca e partículas arsenicais,
sumamente saturada de gás mefítico".
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e do ribeirão Tamanduateí (15), cujo local os índios chamavam de Inhampuambuçu (16), onde é hoje o Largo São Bento.
Já havia aqui uma
nascente comunidade, chefiada por Tibiriçá, com muita "assessoria"
de seu genro, João Ramalho (17).
(12) Cacique Tibiriçá, nascido por volta de 1480, Tibiriçá (“maioral” em tupi) era um
cacique, cuja aldeia tinha sede no Inhampuambuçu (lugar que se vê de
longe), Largo são Bento.
Teve diversos filhos com diversas índias e
a sua preferida era Potira, mãe da maioria deles. Em 1513 acolheu o
naúfrago português, João Ramalho. Tibiriçá se aproxima dos colonos
portugueses, oferecendo apoio. Outros caciques achavam a atitude de
Tibiriçá impensada e maluca.
Em 1553, os jesuítas chegaram ao Planalto
de Piratininga e logo perceberam
que a melhor forma de catequisar os índios era se aproximando de Tibiriçá.
Com ajuda de Tibiriçá, no dia 25 de Janeiro de 1554 inauguraram o Colégio
Jesúita de São Paulo.
Tibiriçá inclusive transferiu sua tribo
para aréa com o objetivo de proteger os jesuítas do ataque de outros
índios. Ao redor do Colégio surgiu um povoado, que passou a se chamar Vila
de São Paulo de Piratininga.
Por volta de 1560 os líderes tamoios
convidaram Tibiriçá, de quase 80 anos, a participar da aliança.
Ele enganou os tamoios dizendo que se aliaria.
No dia do ataque os portugueses já estavam preparados e derrotaram os
tamoios.
Tibiriçá matou seu próprio sobrinho, Jagoanharó, filho de Piquerobi, mas
foi gravemente ferido. Tibiriçá veio a falecer no Natal de 1562 na Vila de
São Paulo de Piratininga com mais de oitenta anos. Teve seus restos mortais
acolhidos na Igreja da Praça da Sé.
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(13)Tupiniquins, também chamados tupinaquis, topinaquis
e tupinanquins.
A origem da palavra teria como raiz a
expressão tupinã-ki, ou
"tribo colateral, o galho dos tupis".
Habitavam, por volta do século XVI, duas
regiões do litoral do Brasil: o sul do atual estado da Bahia e o litoral do
atual Estado de São Paulo, entre Cananeia e Bertioga.
Trata-se do grupo indígena com o qual se
deparou a esquadra portuguesa de Pedro Álvares Cabral em 23 de abril de
1500.
Os colonizadores portugueses fizeram amizade com os
tupiniquins e passaram a frequentar as suas
aldeias. Queriam a aliança, com o intuito de proteger a vila de São
Vicente. Isto foi bom para os lusitanos, mas não para os tupiniquins, que
tiveram de enfrentar a ira dos tupinambás, que atacaram e dizimaram a
população de várias de suas aldeias.
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