CORB.htm

Editorial foi uma previsão do que aconteceria com o Corb com o advento de uma ditadura

Esse exemplar, de O Corbiano de abril/maio de 1.962, em que o então presidente, Braz Bezerra Cavalcanti, fala em sede própria, me trás muitas recordações. Foi o primeiro jornal do qual fui diretor.

Na realidade, a virtude de elaborá-lo com técnica moderna de jornalismo se deve a sua editora, Neyde Cesco, jornalista, que se encontrava no último ano da Faculdade de Jornalismo da Cásper Líbero.

Eu apenas redigi o editorial e ajudei na redação de algumas matérias, mas aprendi muito com Neyde Cesco, que acho que vive hoje em Campo Grande no Mato Grosso do Sul.

Na época, jornais como O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, etc. ainda adotavam o critério de iniciar as notícias na primeira página e colocar no final desse início a expressão: "Continua na página..."

Somente a Última Hora, se não me engano, na época adotou a técnica de fazer chamada na primeira página, como fez a Neyde Cesco nesse exemplar de O Corbiano.

No editorial publicado na página dois do jornal O Corbiano acima, que escaneei e colei abaixo, escrevi sobre o que me parecia o Corb na época.

Passados mais de quarenta anos, vejo que há ali até uma premonição do aconteceria com o Corb com o advento de uma ditadura. E hoje, vejo que pouco acrescentaria a ele ou dele excluiria. Talvez não tenha sido a pobreza, que provavelmente seja hoje maior do que na época, a responsável pelo advento da ditadura, mas sim o radicalismo político de esquerda, que ofereceu o pretexto de que precisava a direita para fazer a revolução de 64, já que a esquerda na sua maioria desejava manter as instituições democráticas.

E acho que o golpe de 64 pode ser chamado de revolução porque foi uma classe - a militar e de direita - que, sem precisar de votos, assumiu o lugar de um regime centro esquerda, que governava o País na época. Somente agora, após 40 anos voltou ao poder um regime de centro esquerda.

As entidades culturais, embora não tenham cor política, nem religiosa, como o Centro de Oratória "Rui Barbosa” , possuem, entretanto, grande responsabilidade junto aos seus associados e simpatizantes pela atitude que toma diante dos problemas políticos, sociais e econômicos, que envolvem todos os brasileiros indistintamente. Em conseqüência, seus membros, parcela desses brasileiros, sentem também na sua própria carne, os efeitos negativos dos erros político-administrativos e do subdesenvolvimento, principal fator que torna frágeis as nossas instituições democráticas. Por outro lado, sabe-se que num regime de exceção, quer de direita ou de esquerda, entidade como a nossa não poderia existir, posto que no CORB reina a mais absoluta democracia.

Em nossa Casa, a palavra é franqueada a quem dela quiser fazer uso. Não importa o tema. Pode ser político. Pode ser religioso. Pode ser contra ou a favor do governo. O tema é assunto, que cabe exclusivamente ao orador, que está na tribuna e não à diretoria do Centro de Oratória Rui Barbosa. É bem verdade, no entanto, que isto só é possível graças à liberdade que existe em nosso país de livre expressão do pensamento.

Todavia, esta liberdade anda ameaçada. E não a ameaçam os comunistas nem os fascistas. Ameaçam-na a nossa própria condição de país pobre, subdesenvolvido e minado pelo analfabetismo, pela miséria e pela fome, tornando-se campo propício a qualquer doutrina totalitária.

Ante tal situação até nosso instinto de conservação clama que não fiquemos indiferentes. Permanecermo-nos inertes é cooperar para que se cave nossa própria cova.

Esta tomada de consciência é a que se tem verificado, ao longo da existência do CORB, nas suas atividades culturais, preocupando-se sempre em aperfeiçoar os jovens e seus membros em geral no uso da palavra "tão preciosa na paz quanto à espada na guerra", procurando ainda – e o que é mais importante – antes de fazer um orador, formar um homem honesto, como aconselhava Quintiliano: tornando-o também consciente dos problemas nacionais através dos debates, das conferências e de toda nossa atividade cultural. O Corbiano, órgão oficial do Centro de Oratória "Rui Barbosa", cuja orientação deve ser a mesma da própria entidade, não pode ficar calado ante tantos problemas que afligem o nosso pobre país. Nosso jornal é uma tribuna do Corb".

FÓRUM CORBIANO EM 31 DE MARÇO DE 2004
De: Egydio Coelho da Silva

Cidade: São Paulo - Estado - SP - País: Brasil
Para: Fórum assisense

Colegas do Fórum corbiano,

Hoje, dia 31 de março de 2004, se "comemoram" os 40 anos do movimento militar de 1.964. Os fatos sobre o movimento, que enchem as páginas dos jornais hoje, eu não consigo sequer ler, tal a tristeza que me trazem, pois, mesmo antes de 64 eu já era fanático pela democracia e pela liberdade.

Por isso da "Revolução de 64" eu me recordo com gosto de três piadas, que eram contadas nos botecos e nos ambientes de oposição ao regime. Guardo na memória com gosto e com um certo prazer de vingança.

São as únicas alegrias que tenho desse período.

Piada I

Frase de Castelo Branco, ao assumir o governo: "O Brasil está à beira do abismo".

Frase de Costa e Silva ao suceder a Castelo Branco: "Já demos um passo adiante".

Frase de Garrastazu Medice ao suceder Costa e Silva: "Ninguém segura este País".

Piada II

Um operário, desempregado, andando pela rua cabisbaixo, falando em voz alta:

-"País de merda, país de merda..."

Um sargento do Exército escuta e diz:

-"Você está preso, por dizer que o Brasil é de merda".

Operário, querendo livrar-se da prisão:

-"Não, não é do Brasil que estou falando. Estou falando de Cuba..."

Resposta do Sargento:

"Não vem com essa desculpa, porque o país, que hoje é uma merda, é o Brasil mesmo. Você está preso".

Piada III

Um tenente do Exército está num ônibus lotado e, no balanço do ônibus, encostou-se a uma moça sem querer ou querendo. Um rapaz, que estava a seu lado, deu-lhe um soco; um senhor de mais idade também lhe deu um tapa. Um terceiro, mais furioso, o agrediu com mais força.

Confusão. Todos vão parar na delegacia.

O delegado perguntou ao primeiro agressor: "Por que você agrediu o oficial do Exército".

-"Por que ele encostou indevidamente na minha noiva";

Delegado ao segundo agressor: -"E você por que motivo lhe deu também um tapa?"

-"Por que sou o pai da moça e ficaria chato se não reagisse."

Delegado ao terceiro agressor: -"E você qual a explicação, para sua agressão:

-"O Sr. me desculpe, Dr. Delegado, mas é que eu vi todo mundo batendo num oficial do Exército, pensei que a Revolução tinha acabado..."

Com a censura à imprensa, havia muito boato. Numa pequena cidade do interior, onde existia uma unidade do Exército, havia um "cara", que era o grande boateiro.

O comandante do Exército local resolveu lhe dar uma lição. Prendeu-o, vendou seus olhos e o colocou na frente de um pelotão de fuzilamento. E lhe disse:

-Você não é patriota por que vive espalhando boato contra a revolução. Por isso vai ser fuzilado. Conforme combinado, um soldado diz em voz alta:

-Comandante, estamos com pouca munição. Talvez seja melhor deixar o fuzilamento para quando chegar mais munição.

Avisar, por favor, o Antonio Possidônio que a defesa de minha tese de doutorado será dia 02 de julho, às 9h30 na alaba A, quarto andar da

PUC.Título da tese:democratia participativa e opinião pública. Obrigado. Abraços. Alberto Zvirblis.

Retificando mensagem anterior: A defesa da tese será na ala A, 4º andar da PUC (prédio novo), às 9h30. O título já lhe enviado. Agradeço a gentileza dos seus recados sobre o CORB.

Espero que você contine enviando tais notícias. São boas reminiscências do passado da juventude. Fazem um bem a todos nós. Alberto,

As mensagens que me chegam são sempre repassadas. O problema é que os corbianos gostam de falar, mas não se entusiasmam por escrever.

Além disso, somos todos da velha-guarda e quem chega na segunda, terceira ou quarta idade não gosta de computador. Eu sou exceção porque sou preguiçoso, pois, escrever em computador é a maior moleza, que dá até vergonha.

Outro problema, é que tenho poucos emails de corbiano (cerca de 15). É urgente que me passem mais endereços eletrônicos de cobianos.

Sei que João Meireles Câmara está ativo, pois, a Nair viu e me mostrou no Parque da Água Branca, que tava dando ali curso de oratória, mas participar deste Fórum, que é bem mais fácil, não participa.

A propósito, Maria, sua esposa, mandou algumas mensagens, depois não mais escreveu.

Caro Egydio,
Por um acaso procurei ontem o nome do meu pai no Google, e fiquei
surpreso ao encontrar duas referências a ele no Fórum Assisense, no site do jornal Voz da Terra. Bem, pelo meu endereço eletrônico você já deve ter adivinhado que sou filho do Darly de Arruda Mello.

Em uma das mensagens, enviada em 2003, você falou sobre sua chegada a Assis e expressou o desejo de saber notícias sobre meu pai. Conversei com ele ontem à noite e ele me pediu que lhe enviasse notícias, abraços, e disse que ficara com muitas saudades daqueles momentos em Assis. Disse também que vocês foram amigos no Centro de Oratória Rui Barbosa, experiência que ainda hoje o auxilia em seus discursos.
Meu pai mora atualmente em Marília, está com 72 anos e casado há 30
anos com a matemática Renée Cecílio de Arruda Mello. Tem três filhos: a
mais velha, Regina, médica, com 30 anos. Eu, Darli Augusto, engenheiro elétrico, com 27, e o José Augusto, com 25, tem síndrome de Down e mora com meus pais. Ele está atualmente aposentado e passou por uma cirurgia de ponte de safena no ano passado, mas a operação correu excelentemente e ele está renovado e com a sua energia habitual recobrada. Um grande abraço, Darli Augusto

Amigos no meu casamento em 27-01-1963 em Botucatu: da esquerda para direita: o segundo, é Antônio Fernandes Neto, a terceira: Marlene, a quarta: irmã da Marlene (não me lembro do nome), o quinto: Geraldo Gattolini, a sexta: Elza Bernardi, a sétima: Nair, o oitavo: Egydio, o nono: João Meireles Câmara, o décimo: Darli Arruda Mello e o décimo primeiro: Manoel Cabral do Nascimento. Se a foto não aparecer, clique aqui e a veja na internet ( http://www.ajorb.com.br/CORB.htm )

Darli,
Tenho me emocionado com a emoção dos participantes quando reencontram amigos, através do Fórum assisense. Agora foi minha vez de me emocionar ao saber notícias de meu grande amigo Darli Arruda Mello. Vou colocar seu email na lista de assisenses que recebem os textos do fórum assisense. Também colocarei no Fórum dos corbianos. Se seu pai desejar poderá acessar a página http://www.ajorb.com.br/CORB.htm e ali vai encontrar fotos de seus antigos amigos do Centro de Oratória Rui Barbosa, os quais agora já estão de cabelos brancos, quando os têm.

Darli foi meu padrinho de casamento (veja foto acima). Ele dizia sempre que gostava de ser padrinho de casamento dos amigos, por puro sadismo: adorava ver os amigos "se enforcarem" para o resto da vida.

De fato, Darli resistiu bastante, acho que até os quarenta anos, mas, finalmente, foi equacionado e sucumbiu, graças à álgebra, à geometria, aos teoremas e aos encantos da matemática Renée Cecílio e, pelo jeito, foi, é, e será feliz para sempre.

Transmita um grande abraço a seu pai. Diga a ele que estou morando em São Paulo, mas, semana sim, semana não, fico em Assis.
Egydio Coelho da Silva

Egydio,
Obrigado por seu e-mail. Gostei muito da foto do seu casamento, vou tentar imprimí-la e enviá-la a meu pai, pois nosso computador em casa não está funcionando.Um abraço, Darli

Caro Egydio
Agradeço a bela mensagem sobre o corbiano Darly, com boa saúde em Marília.
Agradeço, outrossim, o comunicado ao Antonio Possidônio da data da defesa de minha tese, embora ele não tenha comparecido.

A tese foi aprovada para a obtenção do título de Doutor em Direito Constitucional, merecendo enfoque de seu interesse a opinião pública em regime autoritários (opinião pública heterônoma) e opinião publica em regimes democráticos (opinião pública autônoma -livre da influência do poder econômico e da informação facciosa). Obrigado. Zvirblisi

Parece-me que Possidônio não é muito ligado a computador. Talvez não tenha visto sua mensagem em tempo de poder comparecer.

Não sei se você vai publicar a sua tese ou não. Gostaria muito de ler o capítulo relacionado com opinião pública em regimes democráticos.

Filiado ao Corb. Saudade dos amigos e das tardes corbianas. Tenho entrevista no jornal do amigo Egydio sobre o CORB. Juiz aposentado, 3 livros publicados. corbiano, eternamente. abraços aos amigos: Cel 9685-9209 - CAMARA ALVES

Cada vez que um velho corbiano aparece neste fórum não consigo deixar de me lembrar da dedicatória de Possidônio.

Há alguns meses atrás ganhei de Antônio Possidônio Sampaio um exemplar de seu livro, intitulado: "Em busca dos companheiros".

Em sua dedicatória ele diz: "Este `Em Busca dos Companheiros´ é para Egydio Coelho, eterno corbiano, que também se empenha na busca de velhos companheiros".

Mudei-me recentemente para o bairro das Perdizes, próximo ao Parque da Água Branca. E aqui já tive duas gratas surpresas corbianas: João Meirelles Câmara tem aqui no Parque o local, onde dá seus cursos de oratória, justamente aos domingos de manhã. Participei inclusive do encerramento do último curso que ele promoveu.

Agora novamente sei que ele está com nova turma em andamento aqui no Parque.

Encontrei também um corbiano, que é meu vizinho: o Lisboa, que mora na mesma rua que eu moro.

Você falou em tardes corbianas. Para mim, se me lembro bem, a maioria das reuniões do Corb, por muitos anos, aconteciam nos domingos pela manhã. Você poderia citar o período e onde o Corb se reunia à tarde? Abraços a você e participe bastante deste fórum. Egydio

Caríssimo Egydio:
Você imaginou e acertou: não tenho intimidade com as novas tecnologias de comunicação. Só agora estou tomando vergonha na cara e me ligando ao computador, porém ainda na base da máquina de escrever. Por isso, Luzia Maninha, meu braço direito, ao receber mensagens eletrônicas, imediatamente as coloca na minha mesa. Carolina, filha do Teles, idem.
Mas minha mesa, companheiro Egydio, às vezes é uma bagunça. A isto debito a comunicação do Alberto, que acabo de localizar.
Por conseguinte, te peço a gentileza de repassar esta mensagem, que tem pelo menos duas finalidades. Ou melhor, três: 1º pedir desculpas ao Corbiano pelo descuido; 2º transmitir a ele abraços acompanhados de parabéns, que renovarei por ocasião da publicação da tese em livro, ou melhor, do lançamento do livro a que serei o primeiro a comparecer para o autógrafo colher; 3º o projeto do livro sobre o CORB está parado. Perdi o tesão, mas falta só um pouquinho para terminá-lo.

Que tal você ou um corbiano dos antigos assumi-lo na condição de organizador ao lado de Fernandes Neto.
Estou adorando receber cópias do Fórum Corbiano. Se o projeto do livro gorar, temos o que comemorar: o Fórum Corbiano.
Com um grande abraço do Antonio Possidonio Sampaio.